domingo, 7 de janeiro de 2018

Hóquei de Portimão é um hino à resistência

Só três clubes algarvios ainda conservam o hóquei em patins, com o de Portimão a movimentar cinco equipas, apesar de uma história de 18 anos de dificuldades. "É preciso gostar muito", dizem.


Indiferente às vicissitudes da região e aos problemas logísticos da modalidade, o Hóquei Clube de Portimão nunca parou a sua atividade. Todos os dias, ao fim da tarde, dezenas de atletas desfilam pelo Pavilhão dos Montes de Alvor, dando vida a um projeto de 18 anos, que, todavia, regista oscilações permanentes. A frase "temos de fazer sempre mais do que os outros" é, de resto, o lema de Carlos Resende, presidente, coordenador técnico e treinador. "Praticar hóquei, sobretudo no Algarve, é bastante complicado", confessa este amante dos patins. "Em primeiro lugar, é preciso gostar muito, caso contrário as pessoas cansam-se e abandonam. Depois, os pavilhões não estão preparados, ou faltam as tabelas, que são muito caras, e, como sabemos, as câmaras não têm verbas. Enfim, é uma logística complicada. E acresce que o hóquei tem uma enorme complexidade, ao contrário do futebol, que toda a gente sabe jogar."

Estas razões ajudam a explicar o facto de apenas três clubes praticarem hóquei federado no Algarve. Em 1999, quando o emblema de Portimão foi fundado, "havia uns sete ou oito clubes", mas o panorama regrediu, pese o esforço dos sobreviventes. Neste capítulo, aliás, a história do Hóquei Clube é um hino à resistência. "Treinámos e jogámos durante 11 anos ao ar livre e à chuva, na Quinta do Amparo [em plena cidade]. Não era fácil, mas tinha vantagens técnicas e fortalecia a mentalidade", conta Carlos Resende, com um sorriso. "Agora, não é permitido jogar à chuva, mas naquele tempo valia tudo. É um pouco da nossa história, desses tempos difíceis, mas, 18 anos depois, ainda cá estamos", congratula-se, aludindo aos "altos e baixos" e ao "apoio incansável dos pais dos atletas, que também são diretores".

Grato ao patrocínio de algumas empresas e ao "auxílio fundamental" da Câmara em termos de transporte (as deslocações das cinco equipas do clube são contínuas e estendem-se até à zona de Tomar), Carlos Resende destaca ainda o ressurgimento dos seniores, esta época, três anos depois de uma experiência falhada, na medida em que se "impunha dar sequência ao trabalho de formação que estamos a fazer, impedindo que alguns jovens terminem a carreira abruptamente". No Nacional da III Divisão, Zona Sul, os resultados, por ora, são o que menos importa.

(Fonte ojogo.pt)
(Fotografia André Vidigal/Global Imagens)

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